Artigo

Ministério das Comunicações da Rússia explica ação de suspender a proibição do Telegram

3 minutos de leitura

Alexey Volin, vice-ministro russo de Desenvolvimento Digital, Comunicações e Meios de Comunicação de Massa, lançou alguma luz sobre a recente decisão do governo de suspender a proibição de dois anos do popular aplicativo de mensagens Telegram.

Falando à margem da discussão on-line “A Nova Narrativa Política Mundial: Estilo e Sílaba 2020”, realizada dentro do Valdai Club nesta segunda-feira, Volin disse que a decisão do Roskomnadzor de suspender a proibição se deve à incapacidade de bloquear completamente o aplicativo, bem como a disposição do Telegram em cooperar com as autoridades na luta contra o terrorismo.

“A decisão foi tomada não pelo ministério, mas pelo Roskomnadzor e pela promotoria em relação à decisão do tribunal que no momento, devido à impossibilidade técnica de bloquear o Telegram e pelo fato de que os representantes do aplicativo começarem a cooperar ativamente contra o terrorismo e o abuso de drogas, foi possível cancelar a decisão de um ponto de vista puramente técnico,” disse Volin à Revista Forbes.

Em um comunicado divulgado na semana passada, um porta-voz do órgão de controle de comunicações da Rússia, Roskomnadzor, anunciou que retirou suas demandas para restringir o acesso ao aplicativo de mensagens instantâneas criptografadas, que tem cerca de 30 milhões de usuários na Rússia, ou seja, quase 20% da população do país.

Essa decisão foi tomada dois anos depois de o governo russo iniciar várias tentativas frustradas de bloquear o aplicativo e suas várias atividades dentro de suas fronteiras. O Roskomnadzor deixou claro que a decisão foi tomada à luz da disponibilidade manifestada por Pavel Durov, fundador e CEO do Telegram, de cooperar com o governo russo nos esforços de combate ao terrorismo.

Durante a discussão on-line, Volin enfatizou que o próprio ministério nunca fez tentativas de bloquear o mensageiro e nunca iniciou o bloqueio.

“Foi uma decisão do tribunal, e o ministério não é parte deste processo”, ressaltou Volin.

A proibição entrou em vigor em 2018, após o veredito de um tribunal de Moscou, que pedia que o aplicativo fosse bloqueado por sua não colaboração na entrega de chaves de criptografia para o Serviço de Segurança Federal (FSB) da Rússia. 

As autoridades russas alegaram que o Telegram estava sendo usado por terroristas para planejar e coordenar ataques. Para bloquear o serviço, eles tentaram se coordenar com os ISPs (Internet Service Providers – Provedores de Serviço de Internet) para bloquear domínios e endereços IP usados ​​pelo aplicativo.

O Roskomnadzor disse que estava pronto para restaurar o acesso ao aplicativo de mensagens caso este entregasse as chaves de criptografia. Criticando a proibição, Durov disse que a decisão foi tomada por “medo” dos direitos humanos e descartou atender às exigências do FSB.

Embora a agência do governo russo tenha bloqueado milhões de endereços IP em uma operação massiva contra o aplicativo de mensagens, o Telegram de forma geral permaneceu acessível para os usuários na Rússia, tanto a partir de computadores quanto de dispositivos móveis, devido à equipe do Telegram resistir ativamente à proibição por meio do uso de servidores proxy rotativos e outras ferramentas anti-censura.

O Telegram atraiu mais de 400 milhões de usuários desde o seu lançamento, em 2013.

Fonte.


Compartilhe este artigo!